Acredito que seja do conhecimento
de todos os praticantes do poker esportivo a sua luta para desmistificação de
estigmas e preconceitos construídos sócio e historicamente. Não é difícil encontrar
no imaginário popular as antigas místicas ligadas ao jogo de poker. Violência,
trapaças, roubos, revolveres, ambientes sombrios são alguns dos aspectos que
podemos encontrar nos discursos de pessoas que relativamente não estão ligada
ao jogo e suas transformações recentes. O que podemos observar são inúmeros esforços
de agentes no Brasil e mundo a fora tentando mostrar como o jogo se caracteriza
pela habilidade, isso sem contar, com sua faceta recreativa. A luta pelo
reconhecimento do poker no campo esportivo é algo que acontece diariamente,
assim como as vitorias obtidas. A densidade de praticantes, de torneios, o nível
acelerado de organização, o reconhecimento de instituições públicas e privadas,
ao certo, são indicativos que o poker tomou e toma uma direção oposta aos
filmes de cowboy de tempos atrás.
É justamente intrínseco a esse
processo, que os praticantes do mundo afora clamam por uma mídia voltada para a
demonstração da realidade, contra as generalizações e lendas passadas. Não
quero de forma alguma deslegitimar o passado de um jogo que mundialmente é
reconhecido, no entanto, deixar de observar seu “novo” direcionamento é no mínimo
ser desatento. A violência e brutalidade está no âmbito da sociedade, e em
todas instancias e níveis sociais. Não estou aqui para discorrer
filosoficamente sobre o amago do comportamento humano e suas variações, estou
tentando colocar os pontos no i, como se diz o jargão popular. Se o passado do
poker está ou foi ligado a uma imagem sangrenta deixaremos os historiadores e sociólogos
discutir. O que vejo hoje é uma prática extremamente organizada e ditadas por
regras, assim como um mercado consumidor que reivindica o direito de se
divertir ou jogar profissionalmente.
Infelizmente o processo de mudança de imagem não é algo
simples, e dentro do processo a movimentos contrários que de certa forma freia
o andamento. Meses atrás assistindo TV vi um trailer de um filme que se tratava
da temática de poker, tinha Justin Timberlake como protagonista, chama-se
Runner Runner, no Brasil Aposta Máxima. A princípio fiquei feliz, como
praticante do poker sempre fico contente quando “aparecemos” na mídia,
principalmente em um filme. Mas minha memória não falha já tinha me decepcionado
com filmes dessa temática antes, e com esse não foi diferente. Mas uma vez vem à
tona a dinâmica de trapaças, roubos, socos e reviravoltas. Confesso que em
pequena escala ainda o filme trata sobre a habilidade envolvida no jogo, mas de
longe fica para segundo plano. Não sou nenhum entendedor do mercado cinematográfico
e realmente não sei exatamente o que vende ou dá lucro, mas concerta para a
maioria dos jogadores o filme não os representou, saudades que tenho de The
Rounders (Cartas na mesa). Não sei se os acontecimentos recentes que colocaram
em jogo a reputação do poker online (ver caso Full Tilt) influenciou o diretor,
sabemos que “maracutaias”, jeitinhos não é característica intrínseca do poker,
pelo contrário, se observamos outros esportes tais adjetivos cairiam bem
melhor, acha vista o futebol. Enfim não é isso que vejo quando jogo poker, nem
estou afirmando que não exista nada de errado no meio. O que estou tentando
apontar é, para um processo de transformação que não condiz mais com certo símbolos
que permeiam socialmente. Estou apontando para um quebra de paradigma, uma nova
guinada que já está acontecendo já faz algum tempo. O que nos resta é nos posicionar
e aguardar as resposta que somente o tempo trará.
Matheus Barros
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