sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Entre Cowboys e mocinhos.

          Acredito que seja do conhecimento de todos os praticantes do poker esportivo a sua luta para desmistificação de estigmas e preconceitos construídos sócio e historicamente. Não é difícil encontrar no imaginário popular as antigas místicas ligadas ao jogo de poker. Violência, trapaças, roubos, revolveres, ambientes sombrios são alguns dos aspectos que podemos encontrar nos discursos de pessoas que relativamente não estão ligada ao jogo e suas transformações recentes. O que podemos observar são inúmeros esforços de agentes no Brasil e mundo a fora tentando mostrar como o jogo se caracteriza pela habilidade, isso sem contar, com sua faceta recreativa. A luta pelo reconhecimento do poker no campo esportivo é algo que acontece diariamente, assim como as vitorias obtidas. A densidade de praticantes, de torneios, o nível acelerado de organização, o reconhecimento de instituições públicas e privadas, ao certo, são indicativos que o poker tomou e toma uma direção oposta aos filmes de cowboy de tempos atrás.


          É justamente intrínseco a esse processo, que os praticantes do mundo afora clamam por uma mídia voltada para a demonstração da realidade, contra as generalizações e lendas passadas. Não quero de forma alguma deslegitimar o passado de um jogo que mundialmente é reconhecido, no entanto, deixar de observar seu “novo” direcionamento é no mínimo ser desatento. A violência e brutalidade está no âmbito da sociedade, e em todas instancias e níveis sociais. Não estou aqui para discorrer filosoficamente sobre o amago do comportamento humano e suas variações, estou tentando colocar os pontos no i, como se diz o jargão popular. Se o passado do poker está ou foi ligado a uma imagem sangrenta deixaremos os historiadores e sociólogos discutir. O que vejo hoje é uma prática extremamente organizada e ditadas por regras, assim como um mercado consumidor que reivindica o direito de se divertir ou jogar profissionalmente.






            Infelizmente o processo de mudança de imagem não é algo simples, e dentro do processo a movimentos contrários que de certa forma freia o andamento. Meses atrás assistindo TV vi um trailer de um filme que se tratava da temática de poker, tinha Justin Timberlake como protagonista, chama-se Runner Runner, no Brasil Aposta Máxima. A princípio fiquei feliz, como praticante do poker sempre fico contente quando “aparecemos” na mídia, principalmente em um filme. Mas minha memória não falha já tinha me decepcionado com filmes dessa temática antes, e com esse não foi diferente. Mas uma vez vem à tona a dinâmica de trapaças, roubos, socos e reviravoltas. Confesso que em pequena escala ainda o filme trata sobre a habilidade envolvida no jogo, mas de longe fica para segundo plano. Não sou nenhum entendedor do mercado cinematográfico e realmente não sei exatamente o que vende ou dá lucro, mas concerta para a maioria dos jogadores o filme não os representou, saudades que tenho de The Rounders (Cartas na mesa). Não sei se os acontecimentos recentes que colocaram em jogo a reputação do poker online (ver caso Full Tilt) influenciou o diretor, sabemos que “maracutaias”, jeitinhos não é característica intrínseca do poker, pelo contrário, se observamos outros esportes tais adjetivos cairiam bem melhor, acha vista o futebol. Enfim não é isso que vejo quando jogo poker, nem estou afirmando que não exista nada de errado no meio. O que estou tentando apontar é, para um processo de transformação que não condiz mais com certo símbolos que permeiam socialmente. Estou apontando para um quebra de paradigma, uma nova guinada que já está acontecendo já faz algum tempo. O que nos resta é nos posicionar e aguardar as resposta que somente o tempo trará.


Matheus Barros

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